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Euroanaesthesia terá mesa composta por especialistas brasileiros

Por conta das complicações advindas com a pandemia da Covid-19, a Sociedade Europeia de Anestesiologia e Cuidados Intensivos (ESAIC) realizará o evento anual totalmente online em 2020, o qual será realizado no próximo final de semana (28 e 29 de novembro). Na programação científica, composta por renomados especialistas ao redor do mundo, o Euroanaesthesia contará com uma mesa organizada pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) e a Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (Saesp).

A sessão leva o nome “Updated Evidences in Paediatric Anaesthesia”, está programada para o domingo, dia 29 de novembro, das 15h30 às 16h30, terá a presença de três palestrantes brasileiros e mediação da profa. dra. Débora de Oliveira Cumino*.

Dra. Débora destacou que a mesa abordará temas atuais e que vão trazer um contexto de diversidade da prática anestésica brasileira dentro do Euroanaesthesia. A primeira palestra será sobre “Avaliação do Bloqueio Neuromuscular em Crianças” com o dr. Ricardo Vieira Carlos**, o qual apresentará as atualizações em anestesia pediátrica e trará um panorama sobre as modalidades de monitorização neuromuscular disponíveis atualmente e suas particularidades.

O tema seguinte “Infecção Recente das Vias Aéreas Superiores na Criança”, sob o comando da profa. dra. Luciana Cavalcanti Lima***, tratará a condução da anestesia em crianças com infecção das vias aéreas superiores. “Embora essas sejam infecções de natureza leve e autolimitadas, são um fator de risco para a ocorrência de eventos adversos respiratórios perioperatórios que são uma das principais causas de morbidade e mortalidade relacionadas à anestesia em crianças”.

Além disso, serão discutidos os fatores de risco para essas complicações, a decisão de proceder ou não com a anestesia e o manejo perioperatório enfatizando as principais medidas relacionadas ao preparo dessas crianças, assim como as evidências mais atuais relacionadas à técnica anestésica.

Profa. dra. Luciana destacou que a decisão de proceder uma anestesia em uma criança em vigência de infecção das vias aéreas superiores continua um dilema. “Em geral, riscos e benefícios são considerados. Estudos atuais mostram que um dos fatores mais importantes e que contribui positivamente nos desfechos perioperatórios é a experiência do anestesiologista. Um profissional com formação e experiência no atendimento às crianças faz a diferença”, concluiu.

A sessão brasileira será encerrada com a palestra “Anestesia para Transplante Hepático Pediátrico Intervivos”, da dra. Marcella Marino Malavazzi Clemente****, onde será discutida a situação do transplante hepático pediátrico no Brasil e compartilhado dados e resultados grupo de transplante pediátrico do Hospital Sírio-Libanês, este que possui resultados de sobrevida e baixa taxa de complicações vasculares, comparáveis aos melhores grupos do mundo (Japão e EUA).

Durante o encontro, dra. Marcella irá apresentar algumas atualizações sobre o tema. “Pouco encontramos na literatura sobre volume de cristaloides e coloides no transplante pediátrico intervivos, então vou mostrar dados do levantamento de uma série de casos que anestesiamos nos últimos anos, além de dados de transfusão do nosso grupo e discutir como o anestesista pode influenciar positivamente na baixa taxa de complicações vasculares e sangramento perioperatório”.

O objetivo do evento como um todo, segundo a coordenadora da mesa, é levar um conteúdo atualizado que seja um diferencial na prática da anestesiologia. Além disso, a doutora apresentou outro aspecto bastante relevante do encontro. “A anestesia pediátrica é uma superespecialidade, totalmente influenciada pela experiência e habilidade do profissional, então quando assistimos ou ministramos aulas de anestesia pediátricas, estamos justamente transferindo esse conhecimento e experiência para que as pessoas possam exercer essa prática com maior proficiência”.

A profa. dra. Débora acrescentou que quando há o médico especializado, com experiência com pediatria, isso afeta positivamente o resultado. “Quando a gente pensa em anestesia pediátrica, o maior foco é levar um conteúdo que é diferenciado do anestesista generalista, o que vai propiciar o melhor resultado para o paciente”, concluiu.

Acesse o site e confira a programação https://euroanaesthesia2020.org/


*Profa. dra. Débora de Oliveira Cumino possui especialização em anestesia pediátrica pelo Hospital Infantil Pequeno Príncipe, doutorado em pesquisa em cirurgia, MBA em gestão em saúde e é diretora do serviço de anestesiologia pediátrica-SAPE Hospital Infantil Sabará.

** Dr. Ricardo Vieira Carlos é médico supervisor da Equipe de Anestesia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP e médico do corpo clínico da Maternidade Pro Matre Paulista.

*** Profa. dra. Luciana Cavalcanti Lima é doutora em Anestesiologia, diretora de defesa profissional da Saepe, coordenadora do programa de residência médica em anestesiologia pediátrica – R4 (MEC/IMIP) e professora da Faculdade Pernambucana de Saúde.

**** Dra. Marcella Marino Malavazzi Clemente tem fellowship em Anestesia Pediátrica no Hospital for Sick Children de Toronto, Canadá, anestesista da equipe de transplante hepático pediátrico do Hospital Sírio-Libanês, coordenadora do grupo de Anestesia Pediátrica da SMA no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus e coordenadora do Curso de Especialização em Anestesia e Terapia Intensiva Pediátrica do IEP Hospital Sírio-Libanês